Carta supostamente escrita por miliciano preso há pouco tempo revela bastidores inéditos da guerra entre paramilitares em Jacarepaguá

Uma carta supostamente escrita por um miliciano recentemente preso revela bastidores inéditos da disputa entre paramilitares na região de Jacarepaguá.
Nesta carta, ele contou que tinha uma loja de celulares que não ia muito bem. Então, passou a comprar carros roubados da Cidade de Deus e vender para o grupo do miliciano Orlando Curicica entre R$ 3 mil a R$ 8 mil. Acabou sendo convidado a trabalhar no grupo e receber salário de R$ 2 mil por quinzena.
Como Curicica queria aumentar seus territórios, o miliciano, então, foi forçado a pegar em armas e ir para guerras como a do Jordão, depois tomar a Malvina e apoiar o Lica contra o Horácio na Praça Seca.
Curicica teria pedido a ele para entregar todos os nomes na Malvina, ele não aceitou. Recebeu até uma proposta de R$ 10 mil para delatar todos, mas descobriu um plano para matarem ele e foi embora.
Rodou por Rio das Pedras, Gardênia e Morro do Tirol onde conheceu o líder local, conhecido como Serginho.
Com sucessivas investidas do Comando Vermelho no local, pediu ao Serginho para solicitar a ajuda do Rio das Pedras, que não teve interesse.
Conseguiram então a ajuda de ex-milicianos da Gardênia e teriam feito um acordo com policiais corruptos, que cobravam valores altíssimos.
Contra a vontade do miliciano, Serginho teria procurado o grupo de Orlando Curicica e eles aceitaram o desafio de expulsar o CV mas queriam a metade dos lucros da comunidade. Com isso, o autor da carta deixou o Tirol.
O bando de Curicica assumiu tudo e deixou o Serginho apenas como funcionário.
Depois da retomada, os milicianos da Curicica e Serginho fizeram reunião no Tirol e chamaram o autor da carta para a reunião. Falaram que iam mandar R$ 10 mil para o Serginho e o miliciano ficaria encarregado de fazer as cobranças. No encontro, o bando de Curicica teria tentado matar o delator mas não deixaram.
A paz teria voltado a reinar no Tirol mas só por um tempo. O pessoal da Curicica queriam começar a cobrar o gás e as vans e houve embate com Serginho.
O miliciano voltou a ser ameaçado e Serginho abandonou o morro.
O bando da Curicica teria feito uma proposta ao autor da carta para entregar o Serginho mas ele avisou ao comparsa sobre isso.
Serginho estava arrumando as malas para viajar por medo de morrer, acabou sendo morto em um pagode na Gardênia Azul e jogaram a culpa no pessoal desta comunidade.
Após este crime, contou o miliciano, o grupo da Curicica ficou com várias comunidades da região: Tirol, Malvina, Santa Maria, Merck, Terreirão, Vila Sapê, se tornando o maior grupo paramilitar da área.
O delator teria ido ao local do crime e os milicianos da Gardênia teriam forçado ele a dizer que os autores foram do Tirol. Após isso, ele foi até a uma delegacia e entregou todos os comparsas do Serginho.