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Confira relato de piloto de helicóptero sequestrado para resgatar preso em Bangu

O policial civil Adonis Lopes que pilotava o helicóptero que foi sequestrado ontem para resgatar um preso do Complexo Penitenciário de Bangu contou como tudo aconteceu.


‘Estava de folga, em casa. Recebi uma solicitação dos colegas para cobrir um piloto que estava passando mal. Fui para lá, fiz alguns voos. Quando estava indo embora, me pediram para ir buscar um casal no Hotel do Frade, em Angra dos Reis. Eu fui, cheguei lá, eram dois caras e não um casal. Achei estranho, estavam com uma mala preta. Dois minutos depois, eles anunciaram o sequestro. Um dos dois pulou para a frente, tomou meu fone e me disse que vamos para Bangu para resgatar um colega. Eu falei, desiste, não vai dar certo. Qualquer aeronave que se aproxima do complexo prisional a ordem era atirar. Eles diziam que não, vai dar tudo certo. Já fui pensando paralelamente o que eu ia fazer. Botei na minha cabeça, a última coisa que iria fazer era tentar esse resgate porque ia dar errado. E desse certo não queria ficar com esse estigma de resgatar bandido. Tentei falar com eles mas não acreditavam em mim. 


Durante o trajeto, adotei todas as medidas para tentar demonstrar aos órgãos de controle que a aeronave estava sequestrada. Pensei, vou pousar na Base Aérea de Santa Cruz, sobrevoei o RPMont e, lá no fundinho, tinha uma possibilidade de pousar no Batalhão de Bangu. Quando comecei a me aproximar do batalhão, reduzi a velocidade, baixei a altura, fiz uma manobra brusca de aproximação. Eles entenderam, meteram a mão no controle e me deram uma gravata. Ficou um voo descontrolado. Aquilo durou 35 a 40 segundos. 


Em um determinado momento, retomei o controle e eles falaram, vamos para Niterói. Logo pensei, agora eles vão me matar. Fui conversando com eles. Não havia local certo para eles pousarem.  Passando pela comunidade do Caramujo, perguntei se ali estava legal. Eles estavam atônitos, ficaram com medo de morrer, eu acredito. Me aproximei de um platô, eles saíram muito rápido e decolei rapidamente com medo deles atirarem. Acabei pousando no GAM. Fiquei com eles no helicóptero durante 50 minutos. Eles tinham uma pistola e dois fuzis. Passou muita coisa na minha cabeça, achei que ia morrer’.

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