CONTRAVENTOR FERNANDO IGGNÁCIO É ASSASSINADO NO RECREIO

O contraventor Fernando de Miranda Iggnácio foi morto, no início desta tarde, num heliporto no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.
Informações preliminares dão conta de que o genro de Castor de Andrade foi vítima de uma emboscada.
Iggnacio estaria voltando de Angra dos Reis, quando foi recebido a tiros de fuzil.
No começo da tarde, o corpo do contraventor ainda se encontrava na empresa Heli-Rio, no Recreio.
A respeito da morte de Fernando Iggnácio, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro informa que as investigações estão em andamento pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A perícia esteve no local do crime, recolheu projéteis – todos do mesmo calibre – e verificou que pelo menos cinco tiros acertaram Iggnácio. Os policiais continuam as diligências para esclarecer o caso.
Esquema milionário
Segundo um dos processos que ele respondia na Justiça, Fernando Iggnácio comandava diretamente uma enorme e sofisticada estrutura criminosa voltada principalmente para o controle e faturamento dos lucrativos pontos de máquinas caça-níqueis contrabandeadas no Rio de Janeiro.
Na consecução de sua atividade econômica habitual de exploração da jogatina, que lhe oferece rendimentos milionários, o contraventor, a fim de acobertar parte de seus negócios escusos, dentre os quais a aquisição dos componentes eletrônicos das milhares de máquinas caça-níqueis, utilizava-se de uma empresa chamada Ivegê Indústria de Vídeo Games, anteriormente chamada de Adult Fifty Games
Chegou a ser apreendida na sede da Adult Fifty Games, uma lista em que 34 policiais militares eram citados como beneficiários da ¿caixinha¿ do contraventor. Desses, 80% eram lotados no 14º BPM (Bangu). Na lista também figuravam policiais civis e bombeiros.
Apesar de denominados genericamente de bingos eletrônicos, os jogos oferecidos por meio dessas máquinas nada mais são do que uma modalidade de “caça-níqueis” eletrônicos.
Dependendo do tipo, cada modelo de máquina explorada pelo denunciado apresenta no corpo principal uma tela de monitor ou um conjunto de cilindros mecânicos, onde se pode visualizar a operação das jogadas.
Cada uma das máquinas apresenta também um painel com teclas de operação do jogo e pelo menos um orifício para a inserção de cédulas ou moedas, as quais são transformadas em créditos para as apostas. Ainda, dependendo do tipo, cada modelo de máquina apresenta um monitor que permite ao apostador acompanhar o andamento do jogo por uma representação ou simulação de cartelas, carteados, cilindros virtuais, composição de figuras ou movimento de cilindros mecânicos, cuja combinação de posições ou resultados numéricos define o resultado do jogo, a valoração das apostas, o prêmio líquido e os prêmios acumulados.
Internamente, cada máquina é composta por uma placa de circuito impresso principal (placa-mãe) ou placa de CPU/UCP (unidade central de processamento), um microprocessador, uma placa de circuito impresso, um circuito integrado (chip), um analisador de valores monetários (fichas, moedas, cédulas) e um rotor (“hopper”).
As máquinas exploradas comercialmente por Fernando Iggnácio se destinavam aos jogos baseados em sorteio, cujo resultado final era obtido através do fortuito, caracterizando-se, portanto, como jogo de azar. Por isso, o resultado dos jogos jamais dependeu somente da habilidade do jogador, senão, principalmente ou exclusivamente, do fator sorte.
Fernando Iggnácio tinha condenações de mais de 18 anos de reclusão pela prática dos delitos de contrabando, de formação de quadrilha e de corrupção ativa.
Após a morte do bicheiro Castor de Andrade, em 1997, teve início o processo de sucessão no ramo de exploração do jogo ilegal (jogo do bicho e caça-níqueis) na Zona Oeste do Rio de Janeiro, notadamente, em relação à disputa travada entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio
Assim, a partilha do egado ilícito de Castor foi, desde sempre, violenta e tumultuada, uma vez que, em 1998, Rogério teria mandado
assassinar o seu primo Paulo Roberto de Andrade (Paulinho Andrade) , tratando-se de homicídio consumado pelo qual Rogério foi
condenado pela Justiça Estadual.
O filho de Rogério, Diogo Andrade, 17 anos, morreu na explosão de um carro em que estava ele e o pai, no Recreio dos Bandeirantes. O contraventor se feriu no rosto e precisou passar por uma cirurgia.
Segundo peritos, Rogério e Diogo haviam acabado sair de uma academia de ginástica e estavam supostamente escoltados por dois carros com PMs que fariam sua segurança particular quando o veículo que ocupavam explodiu. O impacto da explosão foi tão forte que arrancou o teto do veículo, arremessou o para-brisa a cerca de 70 m, incendiou parte de um Vectra – onde estavam os seguranças – e atingiu um Peugeot. Outro Vectra, com mais três PMs da escolta, foi abandonado a 150 m do local.
Havia suspeitas de que o explosivo estava dentro do carro e foi acionado à distância ou seria uma espécie de bomba-relógio. Outra hipótese é de que as vítimas estariam manuseando uma granada no veículo. Há informações de que, após sofrer um atentado, Rogério teria passado a circular portando granadas.