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Em 5 meses de quarentena, houve 332 mortos e 315 feridos em mais de 2 mil tiroteios no Grande Rio

Em 5 meses de quarentena, a plataforma Fogo Cruzado registrou 2.024 tiroteios/disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio. Número é 42% menor que o registrado no mesmo período de 2019, quando houve 3.500 registros.

A participação dos agentes de segurança* nesses tiroteios também diminuiu. Dos 2.024 registros, em 24% deles (489), houve agentes envolvidos. Já no mesmo período de 2019, dos 3.500 tiroteios, em 29% (1.015) teve agentes. Número de tiroteios com a participação das unidades de segurança pública teve redução de 52%.

Desde que decretado o início do isolamento social, em 13 de março, em razão da pandemia do novo coronavírus, 647 pessoas foram baleadas (332 mortas e 315 feridas), o que representa uma queda de 49% se comparado ao mesmo intervalo em 2019, em que 1.268 pessoas foram baleadas (646 mortas e 622 feridas).

Entre os 647 baleados neste período de quarentena, houve 51 agentes de segurança**, 7 crianças (com idade inferior a 12 anos), 9 adolescentes (entre 12 anos e 18 anos incompletos), 14 idosos (com idade a partir de 60 anos) e 27 mulheres. Houve ainda 29 vítimas de bala perdida*** e 18 casos em que 3 ou mais civis foram mortos a tiros em uma mesma situação, totalizando 73 mortos nestas circunstâncias.

Medo em casa

Após votação entre os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, encerrada em 4 de agosto, ficou decidido pela permanência da medida de suspensão de operações policiais em favelas do Rio de Janeiro durante o período de pandemia por conta da Covid-19, salvo em casos excepcionais, a serem justificados formalmente por escrito com antecedência. Decisão levou em conta os riscos nos quais os moradores de áreas mais vulneráveis corriam ao se isolarem em casa e transitarem pela região onde moram durante operações policiais na quarentena

Apesar disso, no período de quarentena, 10 pessoas foram baleadas dentro de casa, 5 delas morreram. Do total de baleadas dentro de residências, metade foram atingidas após liminar do ministro Edson Fachin, em 5 de junho.

Entre as vítimas, está Caio Jesus Barbosa, de 24 anos, morto por uma bala perdida quando estava a caminho do barbeiro, no dia 27, na Praça Seca, bairro da Zona Oeste. Caio ia cortar o cabelo para uma sessão de fotos com a noiva. Além dele, uma idosa de 87 anos também foi baleada quando estava dentro de casa durante o tiroteio.

Médias diárias

Com 2.024 tiroteios/disparos de arma de fogo no Grande Rio, houve uma média de 13 tiros por dia ocorridos durante a pandemia. Número é 7% menor que o registrado no período pré-quarentena (entre os dias 1º de janeiro e 13 de março), quando foram 1.024 tiroteios com média de 14 registros por dia. No período de isolamento, houve média de 2 mortos e 2 feridos por dia.

Regiões

A Zona Norte do Rio, com 733 registros, concentrou 36% do total de tiroteios/disparos de arma de fogo acumulados no Grande Rio durante a quarentena (2.024). Na sequência, ficaram a Baixada Fluminense (432), Zona Oeste (371), Leste Metropolitano (357), Centro (81) e Zona Sul (50). Na quarta posição do ranking com mais tiros, o Leste Metropolitano**** concentrou o maior número de mortos (118) e de feridos (117).

Municípios

Entre os municípios da região metropolitana, o Rio de Janeiro teve o maior número de tiroteios/disparos de arma de fogo, foram 1.235. Em seguida, vêm São Gonçalo (224), Duque de Caxias (134), Niterói (92), Belford Roxo (83). A capital fluminense também teve o maior número de mortos (119) e de feridos (135

A Vila Kennedy, com 141 registros, foi o bairro da Região Metropolitana do Rio com mais tiros. Complexo do Alemão (63), Cidade de Deus (54), Tijuca (52) e Vicente de Carvalho (48) completaram o ranking.

* Presença de agentes: Situações em que são percebidas a presença de agentes de segurança durante o tiroteio/disparo. Exemplo: Operação, Ação, Assalto a agentes etc.

** Agentes de segurança incluem policiais civis, militares, federais, guardas municipais, agentes penitenciários, bombeiros e militares das forças armadas – na ativa, na reserva e reformados. 

*** “Vítima de bala perdida”: a pessoa que não tinha nenhuma participação ou influência sobre o evento no qual houve disparo de arma de fogo, sendo, no entanto, atingida por projétil (ISP).

**** Leste Metropolitano é composto por: Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Maricá, Rio Bonito, Cachoeira de Macacu e Tanguá, que fazem parte da Região Metropolitana do Rio juntamente com os 13 municípios que compõem a Baixada Fluminense e a cidade do Rio de Janeiro

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