EXCLUSIVO: Justiça condenou 12 milicianos que agiam em Nova Iguaçu e Belford Roxo. Um dos grupos torturou três jovens e executou furtadora, além de outros homicídios. Quadrilha iria conseguir permuta para o 39º BPM. Colaborador que delatou bando foi morto um dia depois de prestar depoimento

A Justiça acaba de condenar 12 milicianos que atuavam anos atrás (2016 e 2017) em grupos paramilitares em Nova Iguaçu e Belford Roxo. Até permuta eles iriam conseguir para um batalhão da PMERJ.
Receberam sentença.
Cara de Pedra – seis anos
Van Damme – seis anos e nove meses
Deco – seis anos
Meio-Quilo – sete anos
Gardenal – seis anos
Dito ou Devagar – 12 anos
Mais Velho (PM) – 12 anos
Dani – 10 anos e seis meses
Diego – 10 anos e seis meses
Parazinho – seis anos
TH – seis anos
Haviam dois grupos. Um deles agia no bairro da Grama, em Nova Iguaçu (Grupo A) e nos bairros Bela Vista, Nova Aurora e Shangri-La, em Belford Roxo (Grupo B). Eram dois grupos distintos. Eles mantinham contato, mas não existia ligação formal, existia conhecimento entre ambos.
Praticavam variados delitos, incluindo homicídios, extorsão de comerciantes por meio da imposição de taxas de segurança, agiotagem, além da exploração de atividades típicas de milícia, valendo-se notadamente do emprego de armas de fogo e de métodos de intimidação coletiva.
A investigação teve colaboração de um ex-integrante da milícia, Rodrigo Felisbino, que foi baleado e passou a usar bolsa de colostomia. Ele aceitou fazer uma delação em troca de ajuda para fazer a cirurgia. Transitava entre os dois grupos mas acabou morto um dia depois de prestar seu depoimento neste processo.
Quando o colaborador foi preso, não foi encaminhado para a DHBF porque ele disse que havia pessoas lá que queriam bater nele, pois atribuíram a ele homicídios praticados por outro grupo criminoso. O colaborador passou quase um mês na delegacia e prestou horas de depoimento.
Chama a atenção alguns crimes cometidos pelos grupos. Como a tortura de três adolescentes.
Os rapazes foram pegos com uma arma na mão e acabaram capturados por integrantes do chamado ‘Bonde do Trem’.
Segundo relatos, uma viatura passou pelo local, na região do beira-linha, e isso impediu que os jovens fossem executados.
Outro crime foi o assassinato de uma furtadora chamada Janice.
Aproveitando-se de seu cargo de PM, Mais Velho interferia para que a polícia não prejudicasse os negócios da milícia. Em uma escuta, uma comparsa disse que a P2 estava realizando uma operação dentro de uma localidade e Velho disse que já havia saído do batalhão, mas iria ´ligar para o Amigo´.
Mais Velho e Devagar, inclusive, iriam conseguir uma permuta sobre alguma coisa para o batalhão de Belford Roxo (39º BPM).