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Homem que era ameaçado pela milícia está desaparecido deste abril. Tio dele foi morto por desafiar os bandidos. Confira a macabra história

Bruno Silva Moreira Martins encontra-se desaparecido desde 09 de abril de 2020 e, pior, as provas até aqui colhidas apontam o encontro do seu veículo no Município de Itaboraí.  


Investigações revelam que, em 2017, ele teve um desentendimento com a milícia na comunidade Catiri, que fica em Bangu.

Os milicianos locais em dado momento estavam acusando Bruno de ser informante da polícia.


Na época, os paramilitares, fortemente armados, compareceram na sua casa e pediram para falar com ele.

Na oportunidade, sua avó  atendeu os milicianos e começou uma discussão. Haviam três criminosos.


Em depoimento antes de desaparecer, Bruno contou que ficou com medo de sair de casa, pois os milicianos gritavam seu nome com as armas para o alto”. 


Com sua negativa em sair da residência para conversar com os bandidos, um deles começou a gritar que os ocupantes do imóvel e o declarante deveriam sair do local até às 12h00min, que essa casa não seria mais deles e agora seria de um dos paramilitares.


Neste momento, seu avô começou a descer uma escada na residência para falar com o grupo de milicianos, porém um dos criminosos realizou um disparo de arma de fogo para o alto. O avô  se assustou e pulou da escada para um matagal próximo à residência.


Bruno, então, entrou em contato com seu tio Marcelo Sousa e Silva Moreira sobre o ocorrido. Compareceram à Delegacia de Repressão  às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (DRACO)e disse todo o ocorrido; que este fato e outros foram relatados no IP 405- 00024/2017.
Saíram todos da residência, sendo esta invadida por um miliciano que começou a ali residir.


Marcelo, cerca de alguns meses depois, recebeu uma ligação de um paramilitar em tom de ameaça (…) dizendo: ‘sua mulher botou peitinho…eu tô te vendo aí na padaria, eu vou te pegar! Vou te matar!”

Marcelo não se intimidou com as ameaças e disse para o criminoso: ‘vem sozinho então me pegar!”.Ele era respeitado na região por ser morador antigo.


Os milicianos acreditavam que Marcelo protegia Bruno e diziam que ele e o tio iam para a DRACO falar sobre as movimentações ilícitas da organização criminosa.


A partir daí, o grupo paramilitar passou recorrentemente a ameaçar Marcelo, que foi assassinado posteriormente. O crime se deu em 14/08/2019, por volta das 15h50 no interior do estabelecimento Auto Peças Cafundá, de propriedade da vítima, localizado na Estrada do Cafundá nº 2121, Tanque, Jacarepaguá.


Bruno contou que, no dia da morte do tio, tinha recebido mensagem de um amigo que ainda mora na comunidade informando que alguma coisa aconteceria, pois havia uma movimentação grande de milicianos no local, com muitos veículos.


Segundoe ele, quando havia essa movimentação, geralmente os milicianos saíam para matar alguém ou invadir uma comunidade. Ele sempre era alertado por amigos que ainda possui na região quando há uma movimentação deste tipo, pois tinha medo de ser assassinado por estes indivíduos.” 


Bruno disse ter ouvido que os milicianos falaram que mataram Marcelo e que era para ele vender a casa e não procurar mais a polícia para não ter mais problemas.


O carro de Bruno foi apreendido com diversas marcas de projéteis de armas de fogo.

Este desaparecimento foi registrado na 71ª DP e recebeu o nº 071-01755/2020, o qual posteriormente passou aos cuidados da DH-CapitaL.

A Justiça até agora decretou a prisão temporária de nove suspeitos pelo homicídio de Marcelo, sendo que um deles foi preso.

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