Mulher relata perseguição de traficante há mais de dez anos no Chapadão (CV). Ela foi expulsa da comunidade, teve filho assassinado e cachorro morto com olho arrancado

Uma família é perseguida por um traficante há dez anos na favela do Chapadinho, que faz parte do Complexo do Chapadão, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
Um rapaz que pertencia a família e que teve envolvimento com o tráfico foi espancado e morto em 2017.
A briga começou quando o traficante, de vulgo Sapo, colocou uma boca de fumo em frente da casa da família, o que fazia com que vários viciados ficassem na porta da residência. Que em virtude disso, houve uma discussão e o bandido expulsou M.A.C.H da comunidade, só deixando ali seu marido e filhos.
Após Sapo ser retirado do poder, M voltou para casa. Seu filho Daniel, no entanto, entrou para o tráfico.
Sapo foi preso e, certa vez, foi feito pedido de ajuda financeira a Daniel, que se recusou alegando que Sapo era vacilão e teria expulsado sua mãe de casa sem justificativa.
Daniel saiu do crime em 2016. Um ano depois, Sapo deixou a cadeia, assumiu a liderança da favela e intensificou a perseguição à família.
Sapo agrediu Daniel e exigiu que ele retirasse sua mãe da comunidade alegando que a casa onde morava era do tráfico.
Eles tiveram que ir na boca de fumo desenrolar com Sapo, que disse que Daniel ‘estava fazendo hora extra’ e que M ia morrer junto com o filho. Na época, ela estava grávida.
Sapo certa vez abordou M na rua e fez questionamentos sobre agressão que teria ocorrido há anos atrás, na ocasião que M foi expulsa da comunidade.
O traficante afirmou não se recordar de tê-la agredido. Que M não entendeu por que depois de tantos anos Sapo´ estaria falando sobre esse acontecimento.
Perto do carnaval de 2017, ´Sapo foi atrás de Daniel. Ao encontrar com ele, o traficante apontou uma arma para perto da cabeça de Daniel e atirou para o alto.
M falou para ´Sapo ´que se tudo aquilo que estava acontecendo era por causa da casa, que ele ficasse com o imóvel mas deixasse a sua família em paz. Sapo disse que não queria a casa e iria matar Daniel´.
Sapo tentou convencer um dos filhos de M para entrar para o tráfico. Tentou aliciar sua filha, menor de idade.
No dia da morte de Daniel, Sapo mandou um amigo dele ir chamá-lo em casa.
M soube que o filho foi levado por traficantes para localidade chamada Sem-Terra.
Que no local estavam diversos traficantes. Daniel foi agredido, amarrado e jogado dentro de um barraco.
M contou que, quando estava chegando em casa, passou por uma boca de fumo e viu que os traficantes estavam queimando pedaços de madeira e algumas peças de roupa. Que pode identificar uma camisa branca de estampa azul que pertencia ao filho.
Traficantes foram até a casa de M para informar que havia uma suspeita de que seu filho estaria morto. Que a dupla falou em tom de deboche sobre a suspeita da morte de Daniel.
Segundo ela, Sapo teria ordenado que tirassem a roupa de Daniel, que ele seria queimado e iriam sumir com o corpo.
Após a morte do filho, alguém entrou em sua residência, matou seu cachorro e tirou o olho.
M não teve opção e se mudou da comunidade. Vive próximo a ela, em um apartamento que foi cedido pela sua mãe.
Relatou que Sapo continua a perseguir sua família. Que teme pela vida de sua família, que diante de tudo que aconteceu e vem acontecendo, acredita que ´o traficante´ possa tentar matar outro parente seu.
Sapo estaria solto e tem prisão preventiva decretada. Recentemente, a Justiça indeferiu pedido de revogação da prisão.