OPERAÇÃO CONTRA PMs SUSPEITOS: Como foi a extorsão de R$ 1 milhão ao traficante Léo Marrinha. ‘Deu bom demais’, disse um policial. Propina foi dividida com agentes da PCERJ

A investigação que resultou na prisão de PMs suspeitos hoje revela que, no dia 07 de abril de 2020, os policiais Adelmo, Marinho, Sardinha e Santinho extorquiram, mediante sequestro, o traficante Leonardo Serpa de Jesus, o Léo Marrinha, visando obter dele indevida vantagem econômica consistente no pagamento de R$ 1.000.000,00 para que fosse libertado e não fosse preso, valor este que seria dividido entre os denunciados e os policiais civis não identificados.
No dia 07/04/2020, Adelmo enviou uma mensagem para o WhatsApp de um policial militar lotado na UPP do Chapéu Mangueira e Babilôni, o indagando se ele saberia informar o nome do traficante que se autointitula “dono” das Comunidades Cantagalo-Pavão-Pavãozinho.
O agente contatado, então, encaminhou mensagens de um interlocutor desconhecido contendo o vulgo e fotos do traficante,Léo Marrinha.
Logo em seguida, Adelmo confirmou, segundo a denúncia, a detenção do criminoso com a seguinte mensagem: “está na minha mão”, ressaltando, ainda, que o traficante “está totalmente diferente”
O diálogo prosseguiu no dia seguinte (08.04.2020) com o PM da UPP perguntando para Adelmo se “deu bom” e este confirmando, dizendo “bom demais”.
Adelmo revelou, conforme destacou o Ministério Público, que sua equipe e a equipe de policiais civis não identificados obtiveram do aludido traficante a quantia exigida já que Adelmo, após dizer que deu “bom demais”, enviou uma mensagem contendo o número “1” seguido da imagem de um “milho”.
Além disso, ele relatou que metade do valor ficou com sua equipe e a outra “metade pra PC”.
Destaca, então, o Órgão Acusador que os diálogos obtidos no grupo de WhatsApp ‘Os Mercenários'” comprovarm que os denunciados participaram da empreitada criminosa que resultou na obtenção da vantagem indevida do traficante Léo Marrinha.
Inicialmente, no dia 07.04.2020, os policiais suspeitos enviaram mensagens combinando de diligenciar em face do traficante, tendo o denunciado Sardinha encaminhado ao grupo um print do Portal de Segurança referente a um endereço vinculado ao criminoso.
Mais tarde, Adelmo encaminhou a foto do criminoso no portal de procurados e Santinho disse “vamos”. Em seguida, Adelmo informou que estava no Corolla e Marinho pediu para buscá-lo.
Adelmo, ao final, ainda encaminhou uma foto do criminoso Léo Marrinha com um cordão de ouro e disse: “olha a corda dele”.