OPERAÇÃO NO JACAREZINHO: Socorrista não teve acesso a um dos mortos por policiais civis denunciados. Veja os argumentos usados para realizar a ação apesar da proibição do STF na época

A denúncia do Ministério Público Estadual contra os policiais civis acusados de matar dois traficantes durante a operação mais letal da história do Rio de Janeiros.ro revela que pelo menos um dos mortos não foi socorrido.
“O socorro ao alvejado Richard se mostrou pouco consistente já que o único socorrista empenhado na operação não teve acesso a ele embora tenha atendido Isaac no local dos fatos. Causou espécie que os dois tenham chegado mortos ao hospital ao mesmo tempo”
Na denúncia contra os policiais, há uma foto de Isaac agonizando.
De acordo com a denúncia, o ânimo de alterar significativamente a cena de local de
morte em decorrência de intervenção policial, a pretexto de prestar socorro a cadáver, privar a perícia do exame da suposta arma do opositor, é incompatível com a própria razão de ser de uma polícia judiciária e, de tal arte, determina cessação.
A operação policial mais letal já realizada no Rio de Janeiro que terminou com 28 mortes em maio do ano passado na Favela do Jacarezinho foi justificada pela extrema violência imposta pela organização criminosa que domina a comunidade, notadamente em razão da prática reiterada do tráfico de drogas, homicídios, com constantes violações aos direitos fundamentais de moradores que residem nessas comunidades (direito à vida e à liberdade nas suas maiores dimensões).
Juntou-se a isso também o levantamento das informações constantes do planejamento operacional, em especial à localização de líderes criminosos, bem como de informação de inteligência que indicava local de
guarda de armas de fogo e drogas.
Tudo isso, segundo o Ministério Público, restou evidente estar atendido o requisito da excepcionalidade que justifica a deflagração da ação policial, de forma a restaurar a ordem pública e os direitos constitucionais dos residentes e de terceiros atingidos por essas ações criminosas”
Apesar de estar sob a égide da decisão proferida pelo e. Supremo Tribunal
Federal nos autos da ADPF no 635 – RJ que proibia operações policiais em comunidades do RJ, a ação policial sobredita, batizada Exceptis, foi posteriormente comunicada por distribuição à 1o PIP Especializada da Capital
A operação Exceptis contou 294 policiais civis engajados eresultou em sete prisões, bem como na apreensão de 16 pistolas, nove granadas, cinco fuzis, duas espingardas, uma submetralhadora, uma ogiva de canhão, além de carregadores, cerca de 4,2 quilos de entorpecentes e radiocomunicadores.