Parentes de presos formavam fila para receber pensão do tráfico em favela de Caxias

Uma investigação feita pela Polícia Civil revela que todos os domingos na Favela Vila Ideal, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, na localidade conhecida como Telhadão, familiares de presos ligados ao tráfico na região formavam uma longa fila para receberem quantias variadas (entre R$ 50 a R$ 100) que seria uma espécie de ‘caixa de assistência’.
Segundo o inquérito, Charles Silva Batista, o Charles do Lixão, Coroa ou Charles Brown, preso desde 1998, continua sendo o líder máximo da quadrilha de traficantes que domina a Vila Ideal, Lixão e Mangueirinha.
De dentro do presídio, Charles transmite ordens que são repassadas aos seus subordinados. Ele é cultuado, as pessoas se referem a ele com muita deferência e respeito, inclusive de gente que nunca esteve com o traficante.
A relação entre ele e o filho, Charles Jackson Neres Batista, o Charlinho do Lixão, morto ano passado e que tocava os negócios fora da cadeia, era meio complicada. O parentesco ´borrava´ um pouco a relação hierárquica.
Para Charles ‘pai’, a segunda posição na quadrilha tinha que ser de Paulo Alves Calazans, o Paulinho Perneta ou Paulinho da Vila Ideal, mas Charlinho tomou para ele essa condição e era o ´frente’ da organização, passando por cima de Paulo.
Uma das rusgas era em relação a venda de drogas na Vila Ideal, que tinha os pontos de vendas de drogas mais lucrativos da quadrilha. Alguns ‘vapores’ reclamavam que não podiam vender entorpecentes em determinados pontos da comunidade.

Outra ‘briga’ de Charlinho era com Anderson Gomes Nascimento, o Negão da Beira que, pelas ordens do pai, ocupava a mesma posição hierárquica do filho. Entretanto, Charles Jackson conseguia fazer suas ordens valerem muito mais.
Uma escuta revelou que os traficantes mataram e esquartejaram o corpo de um homem, amigo de Charlinho, que manteve relações sexuais com a mulher de um membro da quadrilha