Plantas de apartamentos apreendidas e escutas provaram o envolvimento de milicianos com construções irregulares em Rio das Pedras

Em Rio das Pedras, comunidade de Jacarepaguá onde desabou ontem um prédio de quatro andares matando um homem de 30 anos e sua filha, de dois anos, a polícia obteve várias provas de que a milícia que domina a região estava envolvida com as construções irregulares.
Policiais chegaram a apreender com um dos líderes da quadrilha durante a Operação Intocáveis em 2019 diversas plantas de apartamentos, loteamento de terrenos, imagens de empreendimentos em construção, contratos de locação e compra e venda de imóveis não declarados em seu imposto de renda.
Escutas telefônicas também reforçaram a tese:
‘Eu tenho oito apartamentos naquele prédio’, disse um subordinado a um líder da milícia, de acordo com conversa interceptada.
‘Escuta, fala com o velho aí que o quarto andar tá fechado, daquele jeito que ele falou, que ele aprovou, 60 parcelas de quatro mil, valor final cento e cinquenta mil’, falou um homem de vulgo Gordinho, um dos apelidos usasdos pelo capitão Adriano da Nóbrega (já falecido).
Segundo investigações, a milícia de Rio das Pedras conta com a participação de funcionários públicos da ativa e inativa da Segurança Pública e pratica agiotagem, monopólio da venda de gás, abastecimento clandestino de água, energia e gás, além de extorsão de moradores e comerciantes a pagarem taxas por ´serviços´ prestados, com notícia de cobrança semanal de cem reais, inclusive.
Para se manter, a organização criminosa utilizaria abertura de firmas no ramo da construção civil em nome de ´laranjas´, venda e locação ilegais de imóveis, realiza construções irregulares, falsificação de documentos públicos, pagamento de propina a agentes estatais e, inclusive, prática de homicídios.
A organização tem por objetivo o lucro ilícito, movimentando altos valores em negócios imobiliários .
A finalidade da abertura de empresas no ramo da construção civil é baratear o valor de custo da construção dos imóveis, eis que utilizando o CNPJ da empresa conseguiria material de construção por menor preço.
Há vários diálogos interceptados que evidenciaram também a utilização da Associação de Moradores como curral das transações ilícitas praticadas pela organização criminosa. O presidente em 2019 miliciano e alvo da Operação Intocáveis.