PM preso em Barra Mansa por comércio ilegal de armas é réu por feminicídio e vai a júri popular. RELEMBRE O CRIME

Um dos PMs presos em operação do MPRJ contra o comércio ilegal de armas de fogo em Barra Mansa é réu por feminicídio cometido em 2020 em Valença e vai a júri popular.
No dia 27 de novembro de 2020, por volta das 13h00, na Rua Sargento Victor Hugo, nº 161, Bairro de Fátima, o denunciado, de forma consciente e voluntária, com inequívoco dolo de matar, efetuou disparo de arma de fogo contra a vítima Mayara Pereira de Oliveira, sua então namorada, causando-lhe as lesões que foram as causas necessárias e suficientes de sua morte,
O crime foi cometido por motivo torpe, eis que o acusado tinha ciúme doentio da vítima e tentava controlá-la, instalando câmeras em seu consultório e fazendo com que a mesma excluísse suas redes sociais.
O crime foi cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, haja vista que o acusado a manteve sob a mira de uma arma de fogo, encurralada dentro de um automóvel, sem que a mesma pudesse esboçar qualquer reação e nem mesmo pudesse se esquivar da agressão perpetrada, uma vez que o disparo foi feito a curta distância.
Por ocasião do fato, a vítima havia se dirigido até a Fundação Educacional Dom André Arcoverde para realizar um curso na área de Odontologia. Entretanto, a mesma veio a ser abordada pelo denunciado, seu então namorado, o qual manteve a vítima presa dentro de seu automóvel, sob a mira de uma arma de fogo, por tempo considerável, sem que a mesma pudesse se evadir do local ou mesmo esboçar reação contra a agressão perpetrada pelo denunciado. Feito cerco por policiais militares, o denunciado se recusava a negociar e afirmava que somente sairia do local morto ou preso.
Ao notar a aproximação de um helicóptero do BOPE, o denunciado efetuou o disparo de arma de fogo contra a boca da vítima a curta distância. O denunciado cultivava ciúme doentio da vítima, tendo obrigado a mesma a excluir suas redes sociais, bem como instalou câmeras no consultório da vítima para controlar seus movimentos.
Uma parente da vítima narrou que Mayara havia se separado e tinha decidido alugar um apartamento para morar sozinha, motivo pelo qual desconhecia o relacionamento com o réu.
Afirmou que via uma tristeza no olhar da vítima e certo dia foi à clínica questionar o motivo, mas ela não quis dizer a razão. Informou que Mayara não comentava sobre o relacionamento, mas percebeu que ela estava mudada, emagrecendo, em depressão, deixando de lhe visitar.
Disse que quando descobriu que na clínica tinham colocado câmera, mais uma vez questionou Mayara mas ela novamente não quis falar o motivo. Expôs que descobriu que fora o réu que havia instalado as câmeras, contra a vontade de Mayara, assim como o fato dele a vigiar todo instante do dia.
Contou que a vítima, mesmo se tivesse recebido ameaças, não iria contar para a família para não os preocupar. Declarou que o acusado proibiu que ela atendesse homens jovens na clínica, que tivesse contato com a família, bem como a deletar as redes sociais.
Relatou que no dia do enterro familiares do réu arrombaram o apartamento de Mayara, percebendo também que objetos pessoais de Mayara também foram levados, sobretudo joias. Noticiou que chegou a ver Janitom rondando Mayara quando lhe visitava, sempre tomando conta de todos os passos da vítima.
Historiou que mesmo se houvesse ameaças ou agressões Mayara nunca lhe contaria sobre o ocorrido, para lhes poupar, contudo, já tinha ouvido boatos sobre as agressões.
Ex-companheiro da vítima narrou que ficaram casados por sete anos e possuem um filho de seis anos de idade. Afirmou que Mayara era uma pessoa alegre, dócil e tranquila, que nunca soube de nenhum problema causado por ela. Informou que a vítima chegou a lhe contar sobre o relacionamento com o réu, que havia começado por volta do mês de agosto de 2020, mas que não adentrou muito no assunto com ela. Disse que Mayara não chegou a comentar sobre ameaças ou agressões nesse relacionamento, porém percebeu que ela estava com uma tristeza muito grande, assustada. Comunicou que depois tomou conhecimento que ela estava sendo monitorada o tempo todo, tendo que excluir inclusive as redes sociais e se afastar do WhatsApp. Expôs que também houve o afastamento da família e que somente após os fatos soube que as câmeras instaladas no consultório eram utilizadas somente para monitorar Mayara. Declarou que a iniciativa de ter câmeras partiu do PM, eis que Mayara nunca se preocupou com isso. Disse que seu filho chegou a ter contato com o réu e que determinado dia estava passeando com ele quando passou um carro parecido com o do réu, momento em que seu filho apontou para o veículo e disse que ´era o moço que queria namorar a mamãe´ e ´que ele era um homem muito ruim´. Falou que seu filho não sabe o motivo da morte da genitora e que depois dos fatos foram ao apartamento de Mayara para buscar um cachorro que estava trancado lá, instante em que descobriram que havia sido arrombado pelo pai do réu. Contou que dentro do apartamento não visualizou nenhum pertence do acusado.
Uma colega de serviço narrou que trabalhava com Mayara há alguns meses e que conheceu o réu na clínica, sendo que ele começou a frequentar o local após três meses de inaugurada. Afirmou que ela chegou a apresentar Janitom como namorado e que ele ficava o dia inteiro na clínica a esperando. Informou que não tem ciência se era ela que pedia para ele ficar, mas sabia que ele não exercia função nenhuma para a clínica. Expôs que ele olhava a agenda dela e mostrava desconforto quando o paciente era do sexo masculino, inclusive entrando no consultório para falar com ela após estes atendimentos. Comunicou que Mayara mudou o comportamento depois do relacionamento com o réu, apagou as redes sociais, porém nunca a viu demonstrando medo por causa de Janitom. Historiou que não tem ciência se eles moravam juntos e que as câmeras de segurança da clínica foram instaladas por ele, todas focadas em capturar as imagens da vítima. Declarou que nunca presenciou qualquer tipo de agressão ou ameaças proferidas por Janitom.
Segurança da universidade, narrou que estava fazendo ronda quando ouviu um gritaria e foi até o local, instante em que observou Janitom, ostentando a arma, agredindo Mayara e todos gritando. Afirmou que ouviu testemunhas que estavam ao redor e eles falaram que Janitom estaria agredindo a vítima. Informou que o réu, quando a viu, levou um susto e apontou a arma, mandando se afastar e dizendo que era policial e que podia chamar a polícia porque Mayara não sairia dali viva. Disse que O PM explicou que o motivo dele estar ali seria uma suposta traição de Mayara e que a vítima falava que eles não tinham mais relacionamento, pois haviam terminado. Expôs que a polícia não demorou a chegar e que presenciou a abordagem dos militares. Falou que Janitom gritava que não era para ninguém chegar perto e que aparentava que ele comandava tudo, pois não deixou entrar mais policial e nem mesmo a ambulância. Relatou que em nenhum momento viu a vítima esboçar alguma reação e que não visualizou o momento do disparo. Contou que durante toda a ação Mayara deve ter ficado dentro do carro pelo período de duas horas