Quatro milicianos da Liga da Justiça são condenados. Mulher liderava cobrança de vans e bombeiro deu bronca em comparsa que dormia em operação

Uma mulher estava à frente da cobrança pela milícia Liga da Justiça de taxas de motoristas de vans que circulavam por Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio.
Gabriela dos Santos Albuquerque foi flagrada em diversas escutas telefônicas feitas em 2018 tratando de assuntos ligados à atuação da fiscalização, nas cobranças e na contabilidade das linhas de vans da Zona Oeste que sofriam influências da milícia de Santa Cruz.
Sua posição de liderança foi conquistada após a prisão do miliciano de vulgo Lava-Jato.
Em uma das escutas, Gabi mandou uma cooperativa, que não paga em dia, acertar o valor de R$ 310.
Em outra, mandou agarrar todos os carros de uma outra cooperativa porque que não estão pagando. Segundo ela, todo os veículos tinham que encostar e dar R$ 150. Do contrário, não rodavam.
Gabi foi condenada em abril a oito anos e três meses de prisão juntamente com outros três milicianos que atuavam na área. Ela está em prisão domiciliar.
Outro condenado foi o bombeiro Maurício do Nascimento Cavalcanti. Ele era o responsável por monitorar as forças de segurança em qualquer ato objetivando reprimir as atividades ligadas ao grupo criminoso, além de exercer o controle da ´escala de serviço´ dos integrantes da milícia, de modo a não haver falhas quanto a sua continuidade, sob pena de abrir ´brechas´ para a infiltração de outro grupo criminoso em seus domínios.
Maurício foi flagrado em escuta dando bronca em um comparsa que estava dormindo quando acontecia uma operação policial na região.
Maurício: Alô? HNI: Fala. Maurício: Porra, cara, é operação no Rodo, você dormindo? Vai tomar no cu! Vai. HNI: Ih, caralho. Maurício: Não fode! HNI: Ah, irmão… Maurício: Vambora pra pista, vem! HNI: To indo.
Ronald da Conceição Barboza, o Neguinho, também foi sentenciado. Ele atuava como responsável pela organização da segurança e arrecadação da milícia atuante na região da Av. João XXIII, em Santa Cruz.
Foi possível observar, o denunciado, em conversa regularmente interceptada com sua namorada, o mesmo afirma que ´onde trabalha não é para qualquer um, que chega e ganha condição e responsabilidade´, afirmando, ainda, que falou para a mesma várias vezes que ´pega dinheiro dos bares do João´ referindo-se claramente à localidade João XXIII.
O quarto condenado foi Caciano Veiga Bernardino.Durante o período das escutas, o ora denunciado utilizou-se dos terminais interceptados para tratar de assuntos ligados à atuação na fiscalização, nas cobranças e na contabilidade das linhas de vans da Zona Oeste que sofrem influências da milícia de Santa Cruz.
Das escutas, constatou-se que ele era motorista pessoal do miliciano Lava Jato, sendo responsável pelo transporte dele para locais de encontro do grupo, além de passar informações sobre possíveis ações policiais (Blitz) para o comparsa.