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Relatório sigiloso da Justiça do Pará aponta que, mesmo preso no MS, Beira-Mar transmitiu ordens para ataques no Estado do Norte do país

Um relatório do Tribunal de Justiça do Pará aponta que o traficante Fernandinho Beira-Mar, atualmente preso na penitenciária federal de Campo Grande (MS), atuava como uma das maiores influências negativas da massa carcerária tendo domínio sobre os demais presos com o objetivo de desestabilizar o Estado. 


Segundo o documento, ele usaria de sua influência sobre os detentos e seus familiares para viabilizar a transmissão de ordens e informações através deles.


Um dos exemplos, segundo a Justiça paraense, foi o preso conhecido pelos apelidos de Doido ou Jota que passou a ter apoio de Beira-Mar por ser faccionado do CV no Pará. O criminoso é acusado da morte de PMs no Estado do Norte.


Beira-Mar passou a financiar um advogado para ele e ajuda financeira para a sua família.


O traficante fluminense também operaria usando presos que estavam no sistema penitenciário federal e estão sendo mandados de volta aos seus estados de origem.


O exemplo foi o vulgo Dourado que, em julho de 2020, foi transferido de Campo Grande para o Pará.
Ele teria sido orientado por Beira-Mar a repassar ordens a integrantes do CV, advogados e dirigentes de ONGs ligadas a direitos humanos e de proteção aos presos para que estes entrassem com medidas administrativas e judiciais contra portarias, normas, diretrizes e procedimentos do Sistema Penitenciário.


Na visão de Beira-Mar, esses procedimentos estavam restringindo os direitos dos presos como, por exemplo, a realização de visitas. 

Essas orientações chegaram até os Estados do Norte, especialmente ao Pará.


No dia 20 de julho de 2020, a assessoria de segurança institucional (ASI), em entrevista com alguns colaboradores de casas penais distintas, obteve dados voltados para possíveis planos de ataque e execuções tendo como alvos agentes penitenciários que seriam motivos de revoltas por parte de presos por conta de supostas torturas e abusos dentro das unidades penais. 


De acordo com o relatório, o CV lançou um salve para que o plano de execução dos agentes fosse colocado em prática e que os alvos não seriam mais PMs como era em tempos atrás.


O preso vulgo Marquinho Marajó na sua possível saída do presídio para o dia dos pais era o encarregado de definir a forma como o plano seria colocado em prática e outros detentos que receberiam o benefício também.


Na época, segundo o relatório, as armas já estavam em posse da facção obtidas através da caixinha e outras doadas pelo bandido Mano C que virou presidente do CV no Estado após a transferência de comparsas para o sistema penitenciário federal.  Tinha até calibre 30 (antiaérea).


Outros detentos, como André Samango, Gato Mestre, Ricardinho, Preola, Grug e John cobravam na ocasião uma resposta enérgica das outras lideranças que não estavam no cárcere alegando que estavam passando por torturas, o que corroborava com as ordens de Beira-Mar. Havia um apoio em massa de bandidos da localidade de Terra Firme, reduto de Grug. 

Toda a comunicação e ordens dadas pelo CV eram transmitidas através de advogados que estavam ligados à facção. 

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