Casos de PolíciaComando VermelhoDenunciainvestigaçãoTerceiro Comando Puro

Saiba como funcionava esquemão de lavagem de dinheiro que envolvia quase cem pessoas, entre elas os maiores chefes do CV e do TCP no RJ.Mais de R$ 420 milhões foram movimentados

Investigação sobre lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do Rio de Janeiro cita os nomes de 98 pessoas, entre eles chefões das facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Terceiro Comando PUro (TCP) como Marcinho VP,  Nando Bacalhau, Pezão do Alemão, Choque de Manguinhos, Doca da Penha, Menor P, Motoboy da Nova Holanda,  Mangolé,  Peixe da Vila Aliança, Facão da Maré, Lambari, Abelha, Pedro Bala da Tropa do Urso, Professor do Alemão, Fred do Jacarezinho, TH da Maré, Chico Bento, Lacoste da Serrinha, Alvarenga do Parque União, entre outros.


A apuração revela que os envolvidos praticaram o crime de lavagem de dinheiro entre 2018 e 2019 que movimentou mais de R$ 420 milhões


Restou apurado que o sistema em apuração contava com o auxílio de contabilistas para fazer circular valores oriundos, primordialmente, embora não exclusivamente, do tráfico de drogas e comércio de armas de fogo. Uma mesma pessoa chegou a movimentar R$ 94 milhões


A organização tinha personagens fungíveis, ou seja, os denominados depositantes aliciados nas próprias comunidades do Rio de Janeiro, que ´emprestam´ o nome e realizam depósitos em agências bancárias, destinando recursos as contas beneficiárias também fungíveis, de pessoas que emprestam suas contas para circular valores em troca de pequeno percentual.

Das contas beneficiárias, os valores são pulverizados para outras contas e assim sucessivamente até o destino almejado, que são desde contas de familiares de conhecidos traficantes de drogas e armas (ou empresas em seus nomes) e de outras interpostas pessoas (´laranjas´) a investidores do mercado financeiro, que atuam, sem suspeitas, reintroduzindo os valores no sistema financeiro.


A organização conta também com personagens denominados familiares dos traficantes, ou seja, parentes que recebem o dinheiro dos primeiros personagens, seja em contas bancárias de pessoas físicas, seja em nome de pessoas jurídicas ou empresas , .


Os laranjas eram os investidores do mercado financeiro, que atuam, sem suspeitas, reintroduzindo os valores no sistema financeiro.


Havia, ainda, como maestro de toda essa organização criminosa, os contadores, ou seja, os responsáveis técnicos e à frente de todas as movimentações financeiras realizadas, agindo como verdadeiros mentores intelectuais desta engenharia contábil.


Há ainda os líderes do tráfico que coordenam a movimentação dos depósitos, delegando parte das ações aos contadores.


Foi possível verificar que o sistema funciona independentemente de organização criminosa específica, sendo imensamente pulverizado, havendo enorme fungibilidade das pessoas do meio da cadeia da engenharia financeira, tratando-se de um mecanismo para a lavagem e ocultação de bens e valores.
Assim, restou comprovado que o portador dos recursos que faz depósitos em agências bancárias, que normalmente são agências próximas a comunidades carentes do Rio de Janeiro, individualiza-se o destinatário imediato de tais transações, que via de regra são pessoas jurídicas (1) fictícias, (2) de fachada ou (3) que de fato exercem alguma atividade econômica, mas que ´emprestam´ ou ´alugam´ suas contas, realizando a ´mescla´ para passagem dos valores desconexos de suas atividades, seguindo-se o rastro do dinheiro (follow the money) transação após transação, visando a encontrar o destinatário final dos recursos de origem ilícita.

Ao todo, haviam 36 depositantes, entre homens e mulheres. Três organizavam e administravam os depositantes.


Quanto aos líderes do tráfico, seis eram das comunidades Baixa do Sapateiro, Timbau, Vila do João, Vila dos Pinheiros no Complexo da Maré, dominadas pelo TCP, outros seis da região da Comunidade da Fazendinha, Penha, Morro do Adeus, Inhaúma e Complexo do Alemão, tudo Comando Vermelho.


Havia ainda quatro do Jacarezinho (CV), quatro do CV na Maré (Parque União e Nova Holanda), um do Chapadão (CV), além de traficantes do TCP da Serrinha e Vila Aliança


(TODOS OS VULGOS CITADOS NO COMEÇO DO TEXTO).

Algumas das movimentações suspeitas

Chama a atenção valores altíssimos movimentados. Só uma pessoa chegou ao montante de R$ 94.239.442,14.

Um outro depositante girou R$ 50 milhôes. Teve gente que chegou na casa dos R$ 43.687.133.82..

Um foi de R$ 33 milhões. Mais um investigado fez circular R$ 24 milhões e um outro de R$ 20.860.000.

Houve ainda movimentações de R$ 8.835.252. 26, R$ 6 milhões, R$ 5.934.809,84, etc.

Muitos destes valores eram depositados em empresas de fachada como loja de malhas, de veículos, lanchonete, além de pessoas jurídicas.


A Justiça decretou a indisponibilidade de todos os imóveis registrados em nome dos investigados e empresas.

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