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Sentença contra acusados revela barbaridades cometidas pela milícia Caçadores de Ganso, em Queimados: homicídio praticado com tesoura de jardinagem e machadinha, agressão a crianças e atentado contra testemunha que depôs contra o grupo

A sentença do processo contra integrantes da milícia Caçadores de Ganso que agia em Queimados e que terminou com a condenação de  a oito anos de prisão nove integrantes”, entre eles o vereador Davi Brasil Caetano, apontado na denúncia como o líder do grupo criminoso, traz informações quentes sobre como atuava a quadrilha.
O bando tinha uma página no Facebook  com o nome

´Caçadores de Ganso´, que ficou conhecida na cidade como Portal do Extermínio, uma vez que eram publicadas fotos de pessoas que eram mortas pelos milicianos. Teve gente morta até com tesoura de jardinagem.

A milícia instalou verdadeiro regime de terror no Condomínio Ulisses Guimarães arvorando-se em verdadeiro poder paralelo ao Estado. 


Há nos autos registros de que o bando exigia ´taxa de segurança´, monopolizava o fornecimento de gás de cozinha, água e cesta básica, além de impor serviço clandestino de TV a cabo e internet.
Restou verificada a utilização de armas de fogo e a prática de inúmeros homicídios como meio de disseminar o temor e exercer o domínio sob a população local. 


 Uma testemunha contra o grupo sofreu um atentado e foi inserida no Programa de Proteção à Testemunha (PROVITA). Ela fez um relato minucioso e elucidativo sobre as atividades do grupo miliciano, bem como de seus integrantes.

Segundo seu relato, tomou conhecimento que, a partir de 2016, no decorrer dos meses foram acontecendo assassinatos e que sabia que esses homicídios eram realizados pelo grupo. 

A testemunha disse ter tido acesso a um computador onde haviam 

a junto vídeos, filmagens, fotos de todos os assassinatos que aconteceram, inclusive os que não foram postados no facebook; que tinha vídeo e fotos de um homem chamado Hercules, que foi morto antes dela chegar; que vídeo de quando eles mataram o Felipinho, com tesoura de jardinagem e com machadinho. 

Ele foi morto porque teria dito que iria comer a filha de um miliciano. Descreveu a cena: Felipinho estaria deitado no chão com os braços e pernas amarrados e um estaria com um machadinho e outro com tesoura de jardinagem cortam Felipinho. 

Os assassinos dizem que isso seria uma resposta ao envolvimento de Felipinho com o tráfico de drogas; que a todo tempo Queimados não era do Papai, que era da Nova Holanda, que Queimados seria dos ‘´Caçadores de Ganso´; que no final do vídeo aparece um latão, já depois de ter esquartejado o Felipinho, eles jogam os pedaços do corpo do menino dentro do latão e jogam um produto que não sabe o que é; que no fim do vídeo Jiló fala ‘aí amigo, eu cumpri aquilo que eu prometi’; 

De acordo com relatos, que parecia que os vídeos pareciam ser gravados pelo celular, até porque todas as vítimas que eles fizeram eles levavam os aparelhos celulares das vítimas.

Falou que envolvidos com o tráfico conhecidos como Raí, o Carrasco e João Gabriel e mais um menino de 12 anos, foram assassinados pelo grupo.

Segundo a declarante,  ‘Caçadores de Ganso’ matava sob o pretexto de estar acabando com o tráfico; que o local onde foram mortos chamado de Pedra, fica próximo ao condomínio, que é uma saída que tem da Dutra, sentido São Paulo. 

Outro que morreu foi um homem chamado Iuri, que era inocente, que realmente ele não tinha envolvimento nenhum com o tráfico, nem com drogas; que o grupo entrou no condomínio e matou ele e mais dois rapazes e deram uma coça muito grande na moça que estava com eles; que chegou até a machucar o rosto de uma das crianças; que nesse dia eles não tiraram foto alguma e nem postaram nada no facebook.

Disse ter presenciado quando o grupo dos ‘Caçadores de Ganso’ entrou no condomínio para pegar Iuri; que conseguiu reconhecer vários dos que entraram no condomínio aquele dia para pegar um homem chamado Iuri; que o apartamento em que eles foram espancados e só depois que foram levados para a quadra que fica atrás do Valdariosa, era bem em frente a janela do quarto de seus filhos; que estava nítido Jiló com uma camiseta vermelha, com a sua tatuagem no braço aparecendo e com mochila; que reconheceu Santoro, o Guaraci, o Luiz Claudio e o Abner; que o Jiló já havia mandado para ela por 2 ou 3 vezes fotos dele fardado.

Iuri morreu por causa da síndica porque, que uma semana antes, tinha pedido a ela para montar um lava-jato dentro do condomínio, pois ele se encontrava desempregado e a síndica não aceitou.

A mulher, então,  inventou da cabeça dela que Iuri tinha a ameaçado e então fez essa ponte para que o menino fosse assassinado, só que no dia que chegaram lá para mata-lo; que o Iuri estava com mais 2 amigos, que trabalhavam no centro de Queimados, com uma moça com 2 crianças; que o grupo entrou no apartamento de Iuri e espancou todo mundo; que depois levou Yuri e os amigos para a quadra e assassinaram eles na quadra.

O bando colocava no facebook a foto, o nome, o andar e o bloco da pessoa, como se fosse um aviso; que se essa pessoa não fosse embora do condomínio, o grupo iria até lá e iriam matá-la.

A taxa de segurança era no valor de 35 reais. Tinham panfletos de divulgação das cestas básicas, com os telefones; que também tinha venda de kit churrasco, entrega de gás, de galão de água. Havia gatos de luz, a taxa era de 60 ou 70 reais.

Os condomínios tinham  uma regra para não perder o apartamento você tem que pagar a taxa de condomínio que é baixa, de 30 a 35 reais e, se você não paga, o síndico do prédio entra com um processo contra a Caixa e a Caixa vai ressarcir, mas a pessoa perde o apartamento.

A síndica passou a pedir ao pessoal dos ‘Caçadores de Ganso’ para obrigar o pessoal a pagar as taxas do condomínio, que era o que realmente dava dinheiro lá; que as vezes ela colocava vinte apartamentos em processo judicial e recebia 30,40, 50 mil, que as vezes tinha pessoas ali que estavam há anos sem pagar a taxa de condomínio; que essas cobranças eram feitas pelos integrantes desse grupo; que todos eles sempre estavam armados; que geralmente quando eles iam entregar eles estavam usando pistola; que só via eles com armas mais pesadas, tipo fuzil, metralhadora, quando eles passavam na ronda durante a noite e as vezes as 6h da manhã; que eles usavam rádios comunicadores.

A testemunha falou que recebeu uma mensagem aconselhando a sair do condomínio, pois sabia que ela era uma boa pessoa.

Disse que a síndica ajudou a milícia com 1.000 reais para comprar munições.

Havia também cobrança de mototáxi era feita por um grupo. As taxas eram diárias entre R$ 30 e R$ 35. A do gatonet 45 reais.

 A testemunha contou que Davi Brasil era o grande mentor desse grupo, que implantou essa atuação no condomínio Ulysses Guimarães e depois expandiu para o condomínio da Valdariosa e Eldorado.

Todos os apartamentos que tInham internet é tudo do ‘gatonet’; que o grupo pediu para passar aos moradores que foi determinado a retirada de outros provedores de internet; 

O bando mantinha grupos no WhatsApp chamados de ‘Juntos Somos Mais Fortes’  ‘Filhos de Deus.

A testemunha falou que um aí um amigo seu, que é advogado, a aconselhou que seria uma forma de fazer justiça, até mesmo pelo que ela passou com seu filho e pelas pessoas que tiveram suas vidas tiradas, pessoas que foram expulsas de seus apartamentos, pelas pessoas que foram agredidas e humilhadas por esse grupo; que esse amigo foi com ela até a DHBF e lá ela fez a denúncia; que quando fez a denúncia alguns já estavam até presos, inclusive o Jiló já estava preso desde setembro; que após fazer a denúncia recebeu uma ligação de um número restrito sendo ameaçada dizendo que ‘sabiam onde eu estava e iriam me matar’, então ela entrou para o programa de proteção a testemunhas e ficou bastante tempo.

Após ter saído do programa de proteção a testemunhas, no final do ano de 2020, encontrou com a pessoa que ela não sabia que fazia parte e começou a receber umas ligações com número com DDD do Rio e mandaram uma mensagem para seu WhatsApp e em seguida apagaram.

Quando começou a tentar descobrir quem era, viu que trocaram o número para restrito e ai continuaram ligando para ela por número restrito e não atendeu por medo de ser localizada, até pelo que havia acontecido, por ter encontrado a pessoa a uns dois bairros próximos de onde se encontrava.

Falou tem muito medo dessas pessoas e do que eles podem fazer com ela

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