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Síndico expulso pela milícia de condomínio de Santa Cruz relatou à Justiça momentos de terror vividos por ele e família. Quatro criminosos foram condenados

Um síndico que foi expulso e ameaçado de morte pela milícia dominada na época ainda por Wellington da Silva Braga de um conjunto do Minha Casa Minha Vida, em Santa Cruz, relatou à Justiça momentos de terror que viveu com sua família e a forma de atuação dos criminosos nos prédios. Ele teve que entrar para o Provita, Programa de Proteção à Testemunha do governo estadual. Ele contou que, na época de gestor, foi ameaçado junto com sua família pelos criminosos por não colaborar com a venda de apartamentos. Os bandidos foram até a residência do depoente e disseram a ele para entregar o cargo de síndico do condomínio e os laudos dos apartamentos feitos pela Caixa Econômica Federal – CEF porque queriam ter a posse de dois imóveis que estavam vazios. Ele se recusou e um dos paramilitares disse que se não fosse feito até o final do dia, um dos líderes do grupo viria para ver o que fariam com a testemunha. Contou que os acusados disseram que tiraram o síndico do condomínio Jesuítas e mataram duas pessoas lá. Os bandidos teriam lhe dado duas opções: de entregar o cargo e ir embora, ou ficar e tirarem a vida do depoente. No dia seguinte, pela manhã, foi até a administradora escolhida por ele mesmo, entregou o cargo de síndico e fez uma carta de renúncia. Após o episódio, os milicianos mudaram a administradora do condomínio. O ex-síndico era proprietário de um imóvel e o abandonou por conta das ameaças. Segundo ele, uma mulher integrante da quadrilha assumiu o cargo de síndica e que subordinados a Ecko eram subsíndicos;. O depoente tinha contato com alguns moradores por aplicativo e reclamaram que aumentaram o condomínio. Falou que outra vítima que consta no inquérito foi agredida e levada para a comunidade do Antares.A síndica não deixou sua mulher retirar os móveis sem pagar a quantia de R$1.500,00. Após a sua saída, os milicianos passaram a expulsar os proprietários para venda dos imóveis. Todos os funcionários de sua gestão foram demitidos. Um dos criminosos se tornou porteiro e tinha a incumbência de avisar quando a polícia passasse pelo local. Ele, inclusive, teria se envolvido em um homicídio e foi acobertado. O depoente disse que resolveu fazer denúncia após a notícia de uma megaoperação no jornal que resultou na morte de um miliciano que já estava fora do condomínio a mais de dois anos. Disse ainda ter encontrado com alguns dos milicianos em outra cidade e sua esposa foi ameaçada por três mulheres e não aconteceu algo pior porque tinham guardas em volta; Nunca mais teve acesso ao apartamento e os paramilitares arrombaram o escritório do depoente e pegaram documentos pessoais. Eles também não lhe permitiram realizar a prestação de contas.Um amigo seu concorreu ao cargo de síndico; que não tinha quórum para que a miliciana se tornasse síndica; que o cargo dela foi imposto. Ele viu postagem na rede social de que os imóveis eram oferecidos por valores entre 25 e 30 mil reais; que passou as postagens para os policiais responsáveis. A esposa do ex-síndico, também sob os cuidados do programa de proteção à testemunha, em sede judicial, narrou: que foi coagida após falarem com seu esposo e foi ameaçada.Disse que os acusados faziam parte de um grupo de milicianos; que um deles andava armado no condomínio e dizia que era ‘da firma’ e que o chefe deles era o Ecko. Falou que saíram do local por não se sentirem seguros; que só foram até a delegacia após a segunda ameaça; que tinha medo do grupo pelos atos violentos praticados contra um conhecido da depoente que foi agredido e quase morto. Recentemente, quatro integrantes da quadrilha, sendo dois homens e duas mulheres, foram condenados a penas que variam de sete a dez anos de prisão. |