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Testemunha relatou ameaças feitas pela milícia de Caxias. ‘Se você passar por Saracuruna, vamos te encher de tiro. Vamos jogar granada na sua casa’

O depoimento de uma testemunha ameaçada por milicianos que dominam os bairros de Vila Urussaí, Saracuruna, Jardim Primavera e Aliado, em Duque de Caxias, mostra o grau de violência da quadrilha.

‘Se você passar por Saracuruna vamos te encher de tiro e, se prepara, estamos montando um bonde para jogar uma granada em sua casa’ .

O bando é liderado por um bandido de vulgo MH que, mesmo preso em 2019, tem acesso a celulares na cadeia e continua dando ordens  de dentro da prisão, inclusive para homicídios, compra de armas 

Seis integrantes do bando foram condenados no último dia 30 a penas de até 13 anos de prisão. 

MH ficou fora deste processo mas seus principais assessores, Solano e Batata, foram sentenciados. Ambos foram presos em um churrasco em dezembro de 2019, quando foram flagrados junto a comparsas com várias armas.

Taxas e relatos do terror

A milícia que atuava nestes bairros cobrava taxas semanais de R$ 60 semanais de cada motorista de van, R$ 100 dos mototaxistas, entre R$ 25 e R$ 50 dos comerciantes, R$ 15 dos moradores, invadia terrenos, expulsava as pessoas que não pagassem a taxa de suas casas. Os criminosos ainda emprestavam dinheiro e cobravam 50% de juros. 

‘Fui expulso da minha residência porque não paguei a taxa de segurança imposta pela milícia no valor de R$ 150. Tive ainda todos meus bens retirados de casa durante minha ausência e esse fato ocorreu também com outros moradores’, contou outra testemunha.

Em um outro relato aterrorizante, uma testemunha que adquiriu empréstimos com o grupo disse que MH ameaço matá-la. “Não consegui honrar o compromisso porque o mototáxi estava muito fraco. Informei ao MH que não estava conseguindo dinheiro e ele começou a me ameaçar, que ia me expulsar de casa e que ia me matar”

Uma outra vítima contou que estava em sua residência quando um grupo de milicianos chegou e invadiu sua casa e gritaram. ‘Não corre, vai morrer’. Mesmo assim ele correu dos tiros e se escondeu em uma caixa d´água de cinco mil litros. Os paramilitares falaram para a mulher do rapaz que se ele fizesse contato com ela, a esposa iria morrer. E ameaçaram tacar fogo na casa da sua mãe também.

Homicídios

Há relatos de homicídios cometidos pela quadrilha  como de um mototaxista que os milicianos desconfiaram estar passando informações para o tráfico e um homem conhecido como Léo Gordo, que foi levado para ser morto no Areal do Arco Metropolitano como vingança por um integrante do bando de MH ter sido morto por traficantes.

Há um aterro na localidade conhecida como Bota Fora, em Urussaí, utilizado para enterrar corpos de vítimas desta milícia. O corpo do paramilitar conhecido como Lenon foi achado neste local e ao lado havia uma outra cova aberta. 

Segundo os autos, essa milícia após a prisão de Solano e Batata em um churrasco em 2019 teve uma ruptura gerando um conflito territorial entre os paramilitares, o que ocasionou mortes de integrantes. 

Uma das tentativas de homicídio foi contra um homem conhecido como Dominguinhos, em episódio que deixou uma criança e um adolescente baleados. 

O grupo que passou a tentar dominar contava com o apoio da milícia do Guaporé e do Quitungo, que ficam em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio. 

Essa milícia também foi responsável pela explosão de três bancos na região. 

 MH chegou a ir até a Delegacia de Homicídios da Baixada e delatou todos milicianos de Saracuruna como parte do plano para assumir a milícia no local. Com a prisão dos paramilitares mais antigos, ele tomou a liderança.   

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