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Traficante do CV foi condenado a 18 anos de prisão por sequestro em Itaboraí. Bando mandou vítima gravar vídeo dizendo que era da milícia só para justificar crime junto à liderança da facção. Um dos participantes acabou morto por ordem da cúpula. VEJA DETALHES

A Justiça condenou a 18 anos e oito meses de prisão um traficante ligado ao Comando Vermelho de vulgo Coroa por um sequestro cometido em Itaboraí em 2021.


Chamou a atenção de que um dos integrantes da quadrilha obrigou a vítima a dizer que era miliciano para justificar o sequestro junto à mais alta liderança da facção criminosa.

Os autos revelam todos os detalhes da empreitada criminosa que teve a participação de outros membros da facção, RD, Lelequinho ou Billy Jack, Gordinho ou Gordão e Quequeto, sendo que este último acabou sendo morto por ordem da cúpula da facção por conta deste crime.


Em julho daquele ano, eles sequestraram A.B.S.G  em frente à entrada do Condomínio “Manilha Residence I”, situado na Estrada do Chalet, nº 18, bairro Manilha,


Eles roubaram um Honda cor branca e um aparelho de telefonia móvel pertencentes à vítima que foi mantida em poder dos criminosos e teve sua liberdade restringida por tempo juridicamente relevante.

A vítima foi colocada dentro de um veículo Onix prata do qual desembarcaram RD, Billy Jack e Coroa todos armados com pistolas do tipo Glock, com carregadores alongados
Uma pistola foi apontada para a barriga da vítima e lhe dito que, se ele colaborasse, não iria morrer. A
Os sequestradores, então, encapuzaram a vítima e seguiram, por cerca de meia hora, até o local de cativeiro,

Os bandidos entraram em contato, por meio telefônico com um amigo da vítima, do qual exigiram o pagamento de R$ 400.000,00, à título de resgate, no prazo máximo de duas horas, sob pena de assassinarem a vítima.

Após diversas ligações e muita negociação, “o amigo de A” informou aos sequestradores ter logrado levantar a quantia de R$ 110.000,00.


 Os criminosos, então, combinaram o local de entrega da quantia, na localidade de Marambaia, Itaboraí, bem como determinaram que a própria mãe da vítima fosse responsável por levar o montante em dinheiro.

Guiando a genitora da vítima o tempo todo, por meio de ligação telefônica ininterrupta e mediante permanente ameaça de morte – da vítima e também de sua mãe – os denunciados determinaram que ela deixasse o valor do resgate em uma árvore situada no “campo do planalto”, em Marambaia, no acesso à comunidade.

Os criminosos, então, apoderaram-se do dinheiro e afirmaram que libertariam, em seguida, a vítima. Tais fatos ocorreram por volta das 22:00 horas do dia do arrebatamento (29/07/2021).

No entanto, os bandidos não libertaram A e, em novos contatos telefônicos realizados com a família e com amigos da vítima, exigiram mais R$ 190.000,00 e, ainda, o próprio cordão de ouro usado pelo amigo”.

Diante do não pagamento do novo pedido de resgate, os criminosos decidiram manter a vítima em seu poder, tendo, contudo, se deslocado para outro local de cativeiro.

Neste segundo local, a vítima passou a noite em poder de outros três criminosos armados – um deles com um fuzil -, ainda não identificados. Pela manhã, A foi acordado pelo bando tendo um deles efetuado um disparo de arma de fogo para o chão, ao tempo em que afirmava ter visto a mãe da vítima conversando com policiais.

Em seguida, Quequeto” determinou que A realizasse novo contato com a genitora, a fim de cobrar o pagamento de resgate.

Cumpre ressaltar que, de acordo com a vítima, “Quequeto” era tratado pelos outros marginais como sendo o chefe, não apenas do bando, como daquela comunidade.

Nesse compasso, registre-se que “Quequeto” obrigou a vítima a fazer um vídeo em que afirmava ser integrante da milícia, o qual foi enviado a um grupo de Whatsapp intitulado “Cúpula do CV”, com o fito de justificar a ação junto à mais alta liderança da facção criminosa.

Quequeto” afirmou, ainda, que os R$ 300.000,00 exigidos à título de resgate lhe pertenceriam.
 Já na tarde do dia 30 de julho de 2021, não tendo sido pago o novo pedido de resgate efetuado pelos ora denunciados, estes uma vez mais deslocaram a vítima para outro local de cativeiro, onde permaneceram com ela por algumas horas, em seu poder.

Passadas algumas horas, ainda sem o pagamento do novo pedido de resgate, os ora denunciados libertaram a vítima, no Centro do município de Niterói – RJ.

O automóvel subtraído da vítima foi posteriormente recuperado, no bairro Vila Brasil, em Itaboraí, e periciado pela PCERJ, tendo a perícia papiloscópica apresentado resultado positivo para o dedo médio esquerdo de RD.
O processo judicial foi desmembrado em relação aos outros participantes do crime.

Reconhecido pela vítima, Coroa foi interrogado e negou qualquer participação, aduzindo que estava usando tornozeleira eletrônica quando foi preso e não estava no local dos fatos.

A vítima relatou que um dos cativeiros para qual foi levado era no Morro do Castro, entre São Gonçalo e Niterói.
 Disse que o soltaram sem o dinheiro porque o sequestro teve  teve uma repercussão muito grande dentro da facção deles, porque eles não aceitam esse tipo de crime.

Falou que os bandidos tentaram forjá-lo dizendo que era miliciano. Querendo que ele gravasse vídeo dizendo que o depoente estava transportando dinheiro da milícia.

Disse que não tem vínculo com a milícia. Que depois de muito tempo, o depoente não estava vendo, não sabia onde estava, não sabia muita coisa, resolveram soltá-lo por volta de umas nove horas da noite do dia seguinte, no centro de Niterói.

Contou ainda que um dos sequestradores seria conhecido de um amigo seu e que os bandidos e teria sido esse que passou aos bandidos todo o deslocamento do depoente, o dia em que ia lá e que o estava vigiando, desde o momento em que entrou no centro de Manilha para ver sua filha, ele já havia avisado para os outros, que ficaram esperando.

 Que resolveram lhe sequestrar o depoente em razão desse amigo da vítima dele ter uma condição boa e saberem que eles eram muito próximos e que poderia ajudar, mandando dinheiro.
A vítima revelou ainda que os bandidos lhe diziam que se não pagassem até um certo horário, iriam cortar a mão do depoente, um pedaço da orelha, esse tipo de ameaça o tempo todo.

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