Veja o funcionamento da quadrilha de Capitão Guimarães, alvo da PF e do MP hoje. Grupo movimentou R$ 10 milhões em um mês e comprou mais de 40 armas com a ajuda de policiais. Chefão e 12 foram presos

Autos na Justiça revelam o funcionamento da quadrilha chefiada pelo contraventor Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães, alvo de operação conjunta hoje da Polícia Federal e do Ministério Público Estadual. Grupo chegou a movimentar R$ 10 milhões em um único mês e investiu mais de R$ 300 mil na compra de mais de 40 armas que foi feita com a ajuda de policiais corruptos.

A operação de hoje teve 13 presos, sendo 10 alvos da investigação e outros três em flagrante. O chefão é um dos presos.

Segundo a denúncia, Capitão Guimarães , explora e controla jogos ilegais, como jogo do bicho, bingo e máquinas de caça níquel, no bairro da Ilha do Governador/RJ, nos municípios de Niterói/RJ e São Gonçalo/RJ, nos municípios da Região dos Lagos deste Estado, além de regiões das cidades de Vitória/ES e Vila Velha/ES.

A organização criminosa está voltada para a prática de homicídios, corrupção ativa, corrupção passiva, porte ilegal de armas de fogo, denunciação caluniosa, violação de sigilo funcional, sendo composta, entre outras pessoas, por policiais e ex-policiais, que protegem os interesses do grupo criminoso.

De acordo com as investigações, o bando possui três núcleos: “(i) Núcleo de exploração de jogos do bicho da Ilha do Governador; (ii) Núcleo de exploração de bingos clandestinos da Ilha do Governador; (iii) Núcleo da exploração de jogos de bicho e caça níqueis de Vitória.

Capitão Guimarães é o responsável pela gestão e custeio do empreendimento criminoso, assim como pela forma de agir e o destino final dos lucros.

Alzino C.S seria o personagem essencial da estrutura criminosa, sendo pessoa de extrema confiança, proximidade e responsável pela coordenação da segurança do contraventor, de sua família e de seus negócios, além de possuir ostensiva gestão dos negócios ilícitos da organização criminosa,
Mensagens trocadas entre Alzino e a esposa de Guimarães evidencia a relação de proximidade e hierarquia dele e o bicheiro.

Ele foi flagrado conversando com a mulher de Guimarães sobre a escala de seguranças e sobre os carros utilizados, fazendo menção a placas e modelos dos veículos.

A quadrilha se utiliza da violência para resolver disputas territoriais e outros conflitos.

O bando comprou de 23 pistolas e 22 carabinas, no total de R$ 312.130,00, ação coordenada por Alzino com a ajuda de agentes de segurança pública corruptos e ligados à quadrilha.

Isso ficou evidenciado em uma conversa trocada entre Alzino e um comerciante que vendeu o arsenal para o grupo criminoso,

No períiodo entre de 01/11/2022 a 30/11/2002, houve movimentação financeira da organização Criminosa superior a R$ 10.000,000,00.

Segundo o Ministério Público, sete denunciados fazem partem do Núcleo de exploração de jogos do bicho da Ilha do Governador, ressaltando-se que Mário Octávio Moraes, gerente deste núcleo, faleceu recentemente, no dia 05/07/2023.

De acordo com vigilâncias realizadas, o veículo Toyota Etios foi utilizado por Mário para o recolhimento de valores nos pontos determinados.

De acordo com as investigações, constatou-se que todo dia primeiro do mês, o gerente da região, devidamente escoltado, levava os valores arrecadados para a casa de um genro de Guimarães no bairro de Itaipu, em Niterói. Esse parente era o tesoureiro do grupo sendo responsável pelo recebimento e contabilização do dinheiro proveniente da prática criminosa.

Três homens faziam a escolta de Mário conforme relatórios de vigilância, havendo o reconhecimento fotográfico dos denunciados em suposta atividade de segurança, inclusive com um deles, ostentando arma de fogo, carregando um saco preto, colocando-o dentro do veículo Etios.

Chiquinho seria de recebedor do dinheiro arrecadado, para posterior remessa à liderança da Organização Criminosa.

Conversa de Mário e Alzino fala sobre Chiquinho seria responsável pelo material (lacre e tarjeta), utilizado para transportar o dinheiro arrecadado na atividade criminosa, sendo Alzino responsável por fornecer “sacolas vaziais” e “malotes” para Chiquinho.

Gláucio R.C faz parte do Núcleo de exploração de bingos clandestinos da Ilha do Governador, exercendo a função de gerente, competindo-lhe a organização do funcionamento e publicidade dos bingos, a contabilidade dos valores e entrega os mesmos com o lucro em locais específicos para que cheguem a Capitão Guimarães, como restou indiciado pelos diálogos entre Alzino e Gláucio fotografias de um salão com dezenas de máquinas caça-níqueis, material publicitários de jogos de azar, além de fotografias que o Ministério Público acredita ser Gláucio portando arma de fogo.

O Núcleo da exploração de jogos do bicho e máquinas de caça níquel de Vitória/ES seria formado por quatro pessoas.

Um advogado e escrivão aposentado da Polícia Federal, seria o gerente/coordenador do núcleo, fazendo a remessa mensal de dinheiro, oriundos dos jogos ilegais, para Capitão Guimarães.

Há diversas conversas entre Alzino e o advogado Sobre viagens para o Rio de Janeiro, inclusive mencionando o vulgo Mestre,

Mestre e Patrick. atuariam no transporte dos lucros para a Organização Criminosa, fazendo viagens, duas ou três vezes por mês, que saem de Vitória/ES com destino ao Rio de Janeiro/RJ.

Mestre menciona em uma conversa que no dia 11 de janeiro de 2022, Patrik iria substituí-lo na viagem.
Registre-se que agentes da DRE, após investigação, acompanharam o ônibus da Viação Águia Branca, em uma das viagens de Mestre de Vitória/ES para o Rio de Janeiro/RJ, onde lograram abordá-lo na posse de uma mochila contendo a quantia de R$ 129.000,00 .

Ressalte-se que neste caso não houve deflagração de ação penal por entende não haver justa causa para tanto, sem, contudo, ser declarada a nulidade dos elementos informativos ali produzidos.

Mestre, em seu interrogatório prestado em sede policial, afirmou que já entregou dinheiro a Alzino a a pedido do advogado por diversas vezes.

Relatou a Autoridade Policial que o advogado ligou para a delegacia se identificando como policial federal aposentado, assumindo a responsabilidade e titularidade do dinheiro, afirmando se tratar de honorários advocatícios, fato este a ser esclarecido durante a instrução criminal.

Foi apreendido em um endereço vinculado a Capitão Guimarãres um computador com documentos referentes a contabilidade de diversos locais, com supostos pagamentos relacionados aos denunciados integrantes do Núcleo da exploração de jogos do bicho e máquinas de caça níquel de Vitória/ES.